A Hortifruti Brasil levantou em junho de 2016 o custo de produção de uva niagara na região de São Miguel Arcanjo (SP). Os dados foram apurados por meio de um estudo de caso, que leva em conta a realidade de uma única propriedade e, por isso, deve ser avaliado com ressalvas no caso de uma avaliação dos valores para outras propriedades.
Apesar da particularidade do estudo, o perfil da propriedade representa a média da região para a uva niagara. A área avaliada apresenta 1,3 hectare de niagara rosada, sendo 0,6 hectare alocado para a poda principal e 0,7 hectare, para a poda “verde”. O perfil familiar do estudo de caso de São Miguel Arcanjo também se replica para outras propriedades da região, sendo composto pela mão de obra familiar, sem funcionários fixos contratados, somente diaristas. Com isso, foi considerado no item “mão de obra” um salário para o administrador, que, neste caso, é o próprio produtor. O adensamento é de 2.512 plantas por hectare para ambos os casos.
A produtividade da safra principal (colheita de janeiro/15 a março/16) foi de 23,6 toneladas/ha, ou 9,4 kg/planta, enquanto a da temporã (colheita de abril a maio/16) foi de 14 t/ha, ou 5,6 kg/planta. Apesar de a produtividade avaliada ser considerado boa para a região, há potencial para se colher mais nos próximos anos na propriedade, com o avanço da idade do parreiral.
Uma avaliação superficial dos preços recebidos versus a tabela de custo (veja na página 13 a tabela de custos completa e também nos gráficos abaixo) pode levar à conclusão de que é menos vantajoso o produtor produzir duas safras, já que o custo de produção da safra temporã é muito maior.
Na safra 2015/16, o produtor vendeu a uva na safra principal a um preço médio de R$ 3,40/kg. Com esse valor, ele conseguiu quitar todos os gastos e obter um retorno de 15% em comparação ao custo total da cultura, ou seja, lucro de R$ 0,44/kg de uva. Na temporã, o preço médio de venda da última temporada da niagara foi R$ 5,25/kg, valor muito superior ao da temporada principal. No entanto, o custo de se produzir fora de época é elevado, o que gerou um retorno de 2% sobre o custo total, ou seja, um lucro de apenas R$ 0,09/kg de uva.
Além da rentabilidade positiva, a tomada de decisão em realizar duas safras tem outros benefícios que auxiliam na gestão da produção. Essa escolha permite ao produtor manejar praticamente sozinho sua propriedade, somente com o auxílio eventual de diaristas. Se ele manejasse em uma safra só toda a área (1,3 hectare), precisaria de mais pessoas para as atividades de manejo (poda, desbrotas, pulverizações) e colheita. Isso poderia aumentar muito mais o custo atual de mão de obra, que já representa quase 1/3 do gasto total. Outro ponto importante é o fato de o viticultor conseguir ter um calendário mais escalonado de produção, diminuindo o risco de preços baixos, especialmente no início do ano.
Veja em detalhes o levantamento de custo de produção da uva niagara no Especial Frutas em https://www.hfbrasil.org.br/br/revista/boas-praticas-de-gestao-na-fruticultura.aspx.