A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou no final de novembro o relatório do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA). Foram analisadas 12.051 amostras pela Anvisa coletadas nos supermercados de capitais do Brasil. A metodologia de apuração do Programa mostrou dois avanços importantes para avaliar a segurança das frutas e hortaliças:
NÍVEL DE RISCO AO CONSUMO: Pela primeira vez, o Programa divulgou um indicador que avalia o risco de intoxicação para o consumidor. Dentre os hortifrutícolas analisados, a laranja e o abacaxi foram os que apresentaram maior risco – vale ressaltar que a análise foi feita com o alimento inteiro, utilizando a casca; sem a casca, o risco deve ser menor.
DEFENSIVOS NÃO REGISTRADOS: A Anvisa separou o nível de resíduos químicos dos alimentos entre os defensivos registrados ou não para a cultura. Ao todo, 232 defensivos agrícolas foram analisados no Programa. No geral, 80,3% dos alimentos analisados estiveram satisfatórios, sem risco ao consumo humano. Outro resultado interessante é a divisão das não-conformidades por tipo – apenas 1,33% das amostras tinham Limite Máximo de Resíduos (LMR) acima do permitido; 16,7% das amostras apresentaram resíduos de defensivos não autorizados para a cultura; e 1,68% continham LMR acima do permitido e resíduos de produtos não registrados para a cultura. A utilização de defensivos não registrados também foi um dos resultados na pesquisa do programa de Rastreabilidade e Monitoramento de Alimentos (RAMA) da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Entre 2012 e 2015, foram feitas análises em 1.457 amostras pelo Rama em 34 redes varejistas.
A Hortifruti Brasil e outras entidades do setor – Abrafrutas e Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Fruticultura – ressaltam a importância da pesquisa e dos resultados como base para auxiliar nos desafios de tornar cada vez mais seguro os alimentos consumidos por nós. Um dos principais desafios é a importância de o produtor ter à disposição uma maior oferta de defensivos registrados para as frutas e hortaliças, especialmente as denominadas minor crops, culturas de menor extensão territorial. Isso não isenta o produtor de utilizar determinado produto, mas também mostra que o governo, empresas e outros órgãos deste setor devem unir esforços para registrar mais defensivos agrícolas paras as frutas e hortaliças.
Número de amostras com potencial de risco analisadas pelo PARA (Anvisa)*
* Inclui a análise da casca dos produtos
Obs: Para arroz, milho (fubá), trigo (farinha), banana, abobrinha, pimentão, tomate, batata, beterraba, cebola, cenoura e mandioca (farinha) foram analisadas 6.157 amostras e nenhuma delas apresentou riscos.