Piracicaba, 15 – Sou engenheira agrônoma formada pela ESALQ/USP, fui diretora-executiva da Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABCbio) e, desde 2019, ocupo o cargo de diretora de Bioinsumos na CropLife Brasil.
De modo geral, o mercado de bioinsumos cresceu muito no Brasil nos últimos anos, e podemos considerar que o ocorrido se deve a quatro grandes fatores, que, inclusive, devem sustentar esse mercado positivo nos próximos anos: a contínua profissionalização da agricultura; a própria expansão da indústria de bioinsumos; o uso integrado entre defensivos químicos e biológicos, que tem um efeito positivo para o controle fitossanitário e para o meio ambiente; e o avanço nas formulações e tecnologias, incluindo produtos com múltiplas funcionalidades.
No entanto, para que esse crescimento se consolide nos próximos anos, ainda precisamos contornar alguns mitos e desafios. O alto preço dos bioinsumos é um exemplo deles. Produtores devem entender que esses produtos trazem inúmeros benefícios a longo prazo, como uma melhor saúde do solo e a redução da dependência de insumos químicos, o que acaba amenizando gastos futuros e compensando esse alto investimento inicial.
Outro ponto bastante questionado pelos produtores é a eficácia dos bioinsumos em comparação com os químicos. Porém, já temos visto grandes avanços tecnológicos no setor que garantem alta eficácia, inclusive nas nossas condições tropicais de clima, que são mais exigentes. A pesquisa sobre bioinsumos continua evoluindo e poderá trazer inovações e resultados ainda mais positivos nos próximos anos.
A regulamentação da produção "on farm" dos bioinsumos também é um tema importante para os produtores, e é fundamental destacar que a CropLife reconhece o direito legítimo deles de produzir seus próprios insumos agrícolas, sendo amplamente favorável à aprovação de regras para regulamentar essa prática. Recentemente, participamos de várias discussões sobre este tema, juntamente a outras entidades e agentes, a fim de formar um consenso a respeito de premissas básicas para as boas práticas produtivas, como a necessidade de um responsável técnico, o investimento na rastreabilidade das cepas e dos micro-organismos utilizados e a não comercialização.
Acreditamos, também, que uma melhor regulamentação é importante para o setor industrial. Por exemplo, no caso de produtos biológicos com múltiplas funcionalidades, há a necessidade de que sejam avaliados como tais e dentro de suas especificidades, diferenciando-os dos sintéticos químicos.
Por fim, esperamos que, para o futuro, o mercado de bioinsumos continue crescendo de forma significativa no Brasil e no mundo. As estimativas mostram que o mercado mundial deve apresentar uma taxa anual de crescimento de quase 13% a 14% até 2032, ou seja, deverá atingir um tamanho quase três vezes maior do que o atual. Relatórios internacionais indicam que o Brasil é o principal país do mundo com grande capacidade de expansão. A título de comparação, nossa taxa de crescimento será duas vezes maior em comparação à da União Europeia, mostrando o quão promissor é o segmento em nosso país.
Amália Borsari é diretora de Bioinsumos na CropLife Brasil