Piracicaba, 29 - Podemos considerar que 2024 tem sido um ano bastante desafiador aos cenouricultores. Basicamente, os primeiros meses deste ano foi marcado pela baixa oferta – decorrente das intempéries climáticas (calor e chuva) durante os plantios e colheita. A oferta restrita impulsionou as cotações, que ficaram na média de R$ 96,20/cx com 29 kg da “suja” entre janeiro e junho/24 em São Gotardo (MG), valor quase 53% superior ao pago no mesmo período de 2023 (que foi de R$ 63,02/cx de 29 kg). Durante os altos preços neste ano, produtores se sentiram motivados para incrementar a área da safra de inverno – com semeio realizado em meados de março a maio, quando a caixa de 29 kg ultrapassava os R$ 100,00.
Porém, em meados de maio, a produtividade começou a subir e atingir níveis bastante elevados. Junto a isso, os incrementos de área ocasionaram uma superoferta neste período de inverno. A temporada ainda contou com clima bastante atípico, com ondas de calor e chuva escassa, o que favoreceu a qualidade e proporcionou um alto volume de cenouras.
Desta forma, este segundo semestre está sendo marcado pelo seguinte cenário: excesso de produto, demanda insuficiente que absorva toda a mercadoria, muitas sobras (sendo, em parte, destinadas à alimentação animal) e descartes elevados, fazendo com que os agricultores não tivessem outra saída: gradear diversas áreas. Os atuais patamares de preços, que chegaram até aos R$ 0,19/kg ao produtor neste mês de outubro (abaixo do custo), têm deixado o setor no vermelho.
Diante desse mercado complicado, basicamente aqueles produtores que entraram no mercado e/ou incrementaram suas áreas durante o pico de preços já reduziram seus investimentos para a safra de verão 2024/25, que deve ser menor em decorrência do fluxo de caixa limitado e rentabilidade estreita que a safra de inverno proporcionou. As primeiras áreas do verão já devem ser colhidas em meados de novembro.
Contrapondo o clima extremamente favorável nos primeiros meses da temporada de inverno, houve uma retomada das chuvas a partir da segunda quinzena de outubro. De acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), o acumulado entre os dias 15 e 29 deste mês foi de quase 200 mm em São Gotardo (MG). Além disso, alguns problemas de qualidade das raízes já começaram a ser relatados, como ombro roxo e lenticela – ainda sob reflexo das altas temperaturas de setembro e início de outubro.
Dessa forma, espera-se que daqui para frente o retorno das chuvas atue controlando gradualmente a oferta de cenoura, impactando na produtividade, atrasando a colheita e, assim, auxiliando na retomada do mercado da raiz – e dando um respiro ao produtor.
Fonte: Hfbrasil.org.br