Piracicaba, 21 – "Satisfazer as necessidades dos consumidores e com produtos de qualidade é um esforço de todo o segmento". Esta é a percepção da representante da PMA (Produce Marketing Association) Valeska de Oliveira, entrevistada pela HF Brasil sobre as principais tendências de consumo e os possíveis impactos ao setor de frutas e hortaliças nos próximos anos, tema da edição de março da Hortifruti Brasil.
Hortifruti Brasil: Recentemente, foram publicados relatórios de consumo e de tendências de alimentos, indicando diversas mudanças no comportamento dos consumidores. Como a PMA enxerga essas transformações, principalmente se tratando do setor de frutas? Adequações já têm sido realizadas para atender a essa demanda?
Valeska de Oliveira: A PMA vem estudando o perfil do novo consumidor já há algum tempo. Essa mudança não é específica de um país, mas global. O consumidor atual é muito mais questionador. Com um smartphone em mãos, ele consulta, compra, comenta e compartilha. Quer saber o que está consumindo, a origem, a história daquele produto. Não há dúvidas que o mercado de hortifrúti mudou e quem resistir (do produtor ao varejo) ficará para trás. As soluções tecnológicas antes e depois da porteira permitem gerar indicadores de qualidade e de gestão. E, à medida que o mercado entende e põe em prática essas soluções, gera-se uma roda criativa de negócios mais sustentáveis. Um exemplo de forma simples e de baixo impacto financeiro para organizar e comunicar a cadeia de forma integrada é a adoção do rastreamento, que deve ser entendido como um meio e não como um objetivo final de toda a operação. A execução estruturada dos controles para o rastreamento permite ao fornecedor dar visibilidade do seu processo e do seu produto a quem for de interesse e, caso este cliente/elo colabore na continuidade do registro das informações, a visibilidade é estendida às demais etapas da cadeia produtiva. Não existe rastreamento sem gestão. E não tem gestão sem controle.
HF Brasil: É evidente o grande avanço da tecnologia na comercialização de alimentos. Como vocês veem esse cenário para o setor de frutas? Vocês acham que essa tendência se limita a poucas gerações, como as mais jovens?
Valeska: É claro que as gerações mais jovens já nasceram em um mundo conectado, mas não há restrições de idade. Há oportunidades para o setor de hortifrúti em todas as faixas etárias. O comércio eletrônico no Brasil continuará a crescer em uma velocidade acelerada nos próximos anos. Com o crescimento global da população, especialmente em áreas urbanas, e variáveis climáticas desafiando séculos de sabedoria agrícola, o cenário de produtos frescos e flores está mudando. Nesse sentido, a pressão para se produzir mais alimentos com menos recursos impulsionará o uso de novas tecnologias. A satisfação dessa demanda também exigirá inovação na criação e processos de produto. Além disso, reduzir o desperdício e aumentar a eficiência são focos em toda a cadeia. Sensores sofisticados, melhor coleta de dados, robótica emergente e estudos avançados de comportamento do consumidor estão direcionando uma indústria de produtos frescos mais inteligente. Por fim, o consumidor espera transparência em toda a cadeia de suprimentos.
HF Brasil: Quais as ações que poderiam ser tomadas pelos produtores e/ou exportadores para uma melhor inserção no mercado interno e/ou externo?
Valeska: No Brasil, o setor de FLV (frutas, legumes e verduras) caminha adquirindo conhecimento, experiência e procurando adequar-se para atender aos mercados nacional e internacional. A PMA está conduzindo um estudo sobre o perfil do consumidor brasileiro, que visa apontar as ocasiões com maior potencial para o consumo de frutas, legumes e verduras. Entender esse cenário no Brasil, suas oportunidades e sugestões de como aumentar o consumo são fatores que compartilharemos em breve, para que nossos associados – da produção ao varejo – tenham cada vez mais informação para inovar em seus negócios.
*Valeska de Oliveira tem mais de 15 anos de atuação no Agronegócio nas áreas de Gestão Administrativa e Marketing. Atualmente, é representante da PMA (Produce Marketing Association), uma associação global que promove o desenvolvimento do setor com o objetivo de aumentar o consumo de frutas e vegetais.
Fonte: hfbrasil.org.br