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Piracicaba, 06 – A citricultura está vivendo um momento muito bom de preços, com a perspectiva de um ano de boa lucratividade. Apesar da perda de produtividade e do consequente aumento do custo por caixa, a relação de troca entre o preço dos insumos e o da caixa ainda é favorável ao citricultor. É claro que cada caso deve ser analisado individualmente, mas de modo geral, o aumento nos preços pagos pelas processadoras deve permitir rentabilidade positiva para a maioria dos citricultores.
O cenário no campo é condizente com o que foi estimado pelo Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura) no início do mês passado: a safra 2024/25 de laranjas deve ser bem menor do que a passada, com uma quebra acentuada na região norte, e uma redução menos significativa nas outras regiões. Acompanhávamos as condições climáticas e seus impactos nos pomares, e era notável que haveria uma safra abaixo da média dos últimos anos.
Porém, os pomares estão muito desuniformes, inclusive em uma mesma região produtora, o que dificulta o dimensionamento dos danos e abre a possibilidade de alterações nas estimativas até o final da safra. Inclusive, o cenário climático daqui para a frente também pode refletir nos números, visto que o calibre médio dos frutos pode ficar abaixo do esperado, além de perdas de laranjas por conta da seca.
O cenário futuro, de médio prazo, também preocupa: nos próximos anos, a oferta dificilmente atingirá os patamares historicamente altos de anos atrás no estado de São Paulo e no Triângulo Mineiro, considerando a evolução da severidade do HLB (greening). Recentemente, Mauricio Mendes, Rodolfo Castro e Gilberto Tozatti desenvolveram um modelo de previsão de área e de safra, que evidencia a queda de ambos para os próximos anos.
Porém, é importante considerar que já está havendo e haverá mais plantios dentro e, principalmente, fora do cinturão citrícola paulista, o que poderá mudar o cenário. Após cerca de cinco anos, começaremos a ter a entrada destas novas áreas em plena produção, trazendo uma compensação das perdas ocorridas nos últimos anos.
Gilberto Tozatti e Leandro Fukuda são Engenheiros Agrônomos e consultores em citricultura.
