Piracicaba, 27 – Cada vez mais tem ficado evidente que os produtores rurais, no geral, têm desafios muito mais comuns do que individuais. No caso da bananicultura, não é diferente. Ainda que a cultura seja forte em muitos estados do Brasil, todos trabalham no mesmo mercado, que é o interno, e possuem dificuldades semelhantes. Neste sentido, tem se mostrado cada dia mais importante a organização do produtor de forma coletiva.
O produtor, estando organizado, consegue trocar experiências e ganhar representatividade. E isso acontece não apenas relacionado a questões dentro da porteira, mas principalmente fora dela. Unidos, é possível o acesso a mais tecnologias, além de conhecer melhor o mercado.
Uma questão importante e que deve ser trabalhada pelo setor é a contribuição para a pesquisa, a exemplo do que já acontece com os citros, onde o Fundecitrus é mantido por citricultores e indústrias de suco do estado de São Paulo e dedica-se integralmente a estudar a citricultura. Com maiores pesquisas na área da banana, os produtores terão mais acesso à informação, e poderão até mesmo minimizar o uso de produtos, produzindo de forma mais eficiente e sustentável.
Pensando dentro da porteira, dois outros pontos podem também ser destacados. O primeiro é a sucessão familiar. Infelizmente, as novas gerações não se interessam mais no trabalho do campo, e produtores precisam convencer seus herdeiros a continuar na atividade, a continuar produzindo alimentos para as próximas gerações. E isso acontece não apenas nas famílias que já possuem inserção na agricultura, o que nos leva ao segundo ponto, que é a qualificação da mão de obra – já que tem sido bastante difícil para as empresas do campo concorrerem com as oportunidades da cidade.
Um último ponto, e talvez um dos mais importantes, é que o setor precisa estar também atento às demandas do consumidor. Neste sentido, muito mais do que preocupar-se apenas com a produção, precisamos trabalhar qualidade em nossos produtos.
Jeferson Magário é produtor de banana e presidente da Conaban (Confederação Nacional dos Bananicultores). Envolvido em associação de classe ruralista desde 2007, Magário já foi presidente do Sindicato Rural do Vale do Ribeira e da Abavar.