Ver fotos
Piracicaba, 27 – Quanta comida você pensa que se perde ou se desperdiça a nível mundial? Você poderá ficar surpreendido com a quantidade. De acordo com estatísticas recentes, perdemos até 40% de todos os alimentos que tentamos produzir, em algum momento, entre a produção agrícola e o prato do consumidor. Além disso, este alimento não consumido ocupa 28% das terras agrícolas, um quarto do consumo de água doce, e é responsável por até 10% das emissões globais.
Como parte do evento “The Brazil Conference & Expo”, produzido pela IFPA (International Fresh Produce Association), tive a oportunidade de apresentar alguns números sobre o impacto da perda e do desperdício de alimentos, o que pode ser feito em cada fase da cadeia de valor, e como podemos melhorar a eficiência dos recursos globais e a segurança alimentar se formos bem-sucedidos.
A escala da perda e do desperdício alimentar é chocante quando se ouve pela primeira vez. Mas o que também é surpreendente é o poder que todos temos de fazer algo a esse respeito.
No total, desperdiçamos, jogamos fora, acreditamos ser impróprios para consumo, ou perdemos alimentos devido a pragas, doenças, ervas daninhas ou estragos. Muito deste desperdício é evitável. Pior ainda, alguns alimentos desperdiçados são perfeitamente comestíveis: simplesmente nunca são postos à venda ou não são comprados. Talvez tenha passado a sua data de "melhor antes" (“best before”, que é apenas um aviso, mas muitas vezes interpretado como uma regra de segurança difícil e rápida), ou foi incorretamente embalado ou rotulado, houve um erro com a papelada, ou simplesmente não havia espaço suficiente na prateleira do supermercado. Qualquer que fosse a causa, todo o esforço e insumos que foram utilizados na produção destes alimentos foi desperdiçado.
Nos EUA, é enviada mais comida para aterro do que qualquer outra coisa, mesmo papel ou plástico. São alimentos que poderiam satisfazer as necessidades nutricionais das pessoas com fome; além disso, são alimentos nos quais investimos recursos preciosos. Cerca de 1,4 mil milhões de hectares a nível mundial são utilizados para produzir alimentos que nunca são comidos; até um décimo de todas as emissões de gases com efeito de estufa estão associados a ele. Assim, a perda e o desperdício de alimentos estão interligados não só com as batalhas mundiais de segurança alimentar e nutrição, mas também com a nossa batalha climática.
É por isso que falar sobre perda e desperdício de alimentos é essencial. A inovação na cadeia de alimentos desempenhará um papel importante na redução da perda e do desperdício. Temos os fatos sobre a perda de alimentos, e temos uma caixa de ferramentas e de práticas que podemos utilizar para a reduzir.
Reduzir as perdas e desperdícios de alimentos é uma tripla vitória: 1. Reduzir os custos para os agricultores, empresas e famílias; 2. Melhorar o acesso aos alimentos e, por conseguinte, aumentar a segurança alimentar e 3. Reduzir a pressão sobre as alterações climáticas.
Nos nossos esforços globais para aumentar a produção alimentar e cumprir a meta zero de fome da ONU, devemos lembrar que podemos alcançá-la minimizando a perda dos alimentos que estamos produzindo.
Alessandra Fajardo é Diretora de Food Chain Partnerships na Bayer e foi convidada pela IFPA (International Fresh Produce Association) para falar sobre perdas e desperdício de alimentos no evento “The Brazil Conference & Expo” no último dia 30 de agosto.
