Piracicaba, 09 – O setor de abacates já cresceu muito no Brasil, e ainda tem espaço para crescer mais. Porém, o segmento está passando por uma transformação, e alguns pontos importantes daqui em diante serão buscar menores custos de produção e maiores produtividade e qualidade – com frutos padronizados e menos defeitos.
O ano de 2023 deve ser de alta colheita da fruta, já que algumas áreas devem entrar em produção, e a produtividade também deve se recuperar, após um ano de geadas impactando no rendimento dos pomares (2022). Porém, infelizmente isso está resultando em menores preços ao produtor, mas como a produtividade está melhor, a rentabilidade tende a ser positiva.
Pensando no médio prazo, o setor tem feito grandes esforços coletivos. A Associação “Abacates do Brasil” tem trabalhado em prol da abacaticultura nacional, e tem como objetivo unir a cadeia de produtores de abacate e também representá-los junto ao Ministério da Agricultura, em conjunto com a Abrafrutas. Outro papel tem sido auxiliar a promover o consumo do produto. Em 2023, especificamente, foi montado o “Comitê do Avocado”, onde juntaremos esforços financeiros para uma campanha de consumo e conhecimento da fruta no Brasil, voltada para o consumidor final, para que ele entenda sobre as propriedades nutricionais do produto.
O abacate é uma fruta que tem um potencial muito grande, considerando que é muito consumido mundialmente, e é bastante versátil. Em muitos mercados, ele é considerado um superalimento, devido às suas propriedades nutricionais: teor de fibras, gordura boa... Por isso, na associação estamos nos dedicando a trazer mais conhecimento sobre a fruta – seja de seus benefícios à saúde ou de opções de receitas para que o consumidor possa inserir a fruta em várias refeições.
No Brasil, o consumo mais comum ainda predomina em preparações doces, em forma de sobremesa, com açúcar, com chocolate, com leite condensado. Agora, o que precisamos entender é que o consumo salgado também é bastante versátil, e é o que deve crescer no País daqui em diante, para que o consumo deixe de ser esporádico.
Neste sentido, a associação está fazendo um trabalho para aumentar o consumo doméstico do avocado (abacate Hass), que é muito voltado para o mercado externo, além de trabalhos no mercado internacional, como a abertura de novos mercados. Estamos pleiteando, há quatro anos, a abertura do mercado dos Estados Unidos, mas também temos intenção de exportar para o Chile e o Japão.
O consumo de abacate tem crescido no âmbito mundial, o que é uma grande oportunidade para o Brasil. Porém, precisamos ainda correr atrás de estrutura de comercialização, como packing houses de alto nível de adequação à exigência dos países destinos – que já tem sido desenvolvido nos últimos anos –; da adequação da variedade, já que o avocado (Hass) é o mais reconhecido internacionalmente; e de mais acordos comerciais. Os avanços já foram muitos, mas podemos e devemos seguir avançando ainda mais!
Lígia Carvalho é diretora da Jaguacy, diretora-presidente da Abacates do Brasil e presidente da Comissão Nacional de Fruticultura da CNA. Jonas Octávio é gerente geral da La Ferretti e vice-diretor presidente da Abacates do Brasil.