Piracicaba, 08 – Mais do que uma questão de gênero (masculino ou feminino), o agronegócio é impulsionado por pessoas com competência, ética, e engajadas em promover a produção de alimentos e a energia no Brasil. Mas, estatísticas mostram que há avanços importantes e entraves sobre o papel da mulher na liderança da condução dos negócios e na força de trabalho do País. Neste dia 08 de março, Dia Internacional da Mulher, é importante refletir sobre o papel da mulher no agronegócio e, mais especificamente, no setor de frutas e hortaliças.
Em termos positivos, o que se destaca é o potencial de liderança da mulher em empreendimentos rurais, impulsionado pela alta escolaridade, abertura à inovação e à comunicação. Essas foram as principais características destacadas na pesquisa "Todas as Mulheres do Agronegócio", realizada com 301 gestoras rurais em 2017, e encomendada pela Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG). As próprias entrevistadas declararam que têm maior disposição às atividades de gestão e negociação, e são muito abertas à inovação.
Mulher se destaca pela força de trabalho
Em 2008, a Hortifruti Brasil apresentou uma análise da força de trabalho feminina, elevada em alguns produtos do setor de HF’s. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PNAD/IBGE) de 2006, mais de 70% da força de trabalho na cadeia de uva no Nordeste é feminina.
No cultivo de batata, tomate e cebola, considerando as regiões Norte, Sul, Sudeste e Centro-Oeste, a força de trabalho feminina já passava de 50% em 2006. Nessas culturas, as atividades que mais empregam mão-de-obra feminina são o beneficiamento, seleção, classificação e embalagem do produto. A mulher se adapta melhor e rende muito mais que os homens nessas tarefas, como afirma quase a totalidade dos entrevistados pela Hortifruti Brasil na edição.
Ainda faltam mulheres no comando dos negócios!
Não é apenas por sua força de trabalho que a mulher tem se destacado no setor de HF's: ela também está no comando dos negócios. A pesquisa da ABAG revelou que a maioria das entrevistadas são gestoras, que atuam na agricultura em setores como grãos para exportação e hortifrútis. Mas, a realidade geral do comando dos negócios rurais pelas mulheres ainda é pequena.
Segundo o Censo Agropecuário do IBGE, em 2006, o comando no estabelecimento rural era liderado por homens (87,3%) e somente 12,7% eram do sexo feminino. Apesar do dado ser defasado, o IBGE destacava, na mesma pesquisa, um contingente de 656 mil mulheres na liderança das propriedades rurais. Atualmente, os números podem ser maiores, se levarmos em conta que metade dos formandos da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq/USP) são do sexo feminino e 1/3 dos financiamentos de crédito agrícola familiar é para as mulheres.
Em um setor ainda carente de espírito cooperativista, de visão empresarial da atividade rural e de qualidade do produto, nós, mulheres, temos um papel importante em profissionalizá-lo. A própria pesquisa da ABAG revela que as mulheres do agronegócio são resilientes (dupla jornada: trabalho/casa) e não se contentam com a posição que já conquistaram – querem ir mais longe. "A maioria está sentindo-se preparada para as posições de liderança e se interessam por gestão empresarial, finanças e gestão de pessoas", revela a pesquisa.
Boa notícia para um setor tão carente de boas práticas de qualidade e gestão! Enfim, um questionamento aos profissionais do setor de HF's: será que não faltam mais funcionárias/gestoras para profissionalizar o segmento de frutas e hortaliças? Empregue ou dê espaço para a liderança feminina!
Fonte: www.abag.com.br e hfbrasil.org.br