Piracicaba, 03 – A adoção de tecnologias ocorre em tempo e de maneira distinta em cada região e depende muito do perfil do produtor, sobretudo devido ao acesso a essas ferramentas, à informação e ao capital necessário para o investimento. De forma geral, o agronegócio, em especial o setor hortifrutícola, ainda precisa de mais inclusão! No entanto, entraves ainda dificultam a modernização do agro.
Primeiramente, a maior parte das tecnologias desenvolvidas necessita que o produtor rural esteja conectado. Pesquisa realizada pela TIC Domicílios e divulgada em 2021 pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) aponta que o acesso à internet nas áreas rurais aumentou fortemente de 2019 para 2021, passando de 51% para 73% para indivíduos com mais de 10 anos. Ainda assim, a conectividade no campo ainda é baixa quando comparada às áreas urbanas, com problemas de disponibilidade de rede. E o acesso à internet é predominantemente por meio de smartphones. Segundo pesquisa da EY/ Croplife sobre a digitalização do agro (2021), a maior parte dos entrevistados busca informações e soluções pelo WhatsApp.
Em segundo lugar, a modernização das lavouras depende da disponibilidade de profissionais qualificados, que possam aplicar as novas tecnologias (como robótica, IA, IoT, etc), analisar os dados e ter a capacidade de tomar a melhor decisão. Relatório do Mercado de Trabalho do Agronegócio, publicado pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) em agosto de 2022, indica que, no segundo trimestre deste ano, 39,4% dos trabalhadores rurais tinham o ensino médio completo, 39,2%, o ensino fundamental e apenas 16,8% o superior, o que poderia ser um entrave na adoção de tecnologias. Além disso, inovação implica em um custo a mais para o produtor.
Pesquisas da Embrapa e da consultoria EY/Croplife apontam que os principais desafios para a transformação digital das lavouras são:
- Custo na aquisição de equipamentos/softwares
- Custo na contratação de mão de obra capacitada
- Falta de conhecimento sobre o melhor uso de tecnologia adequada e capacitação para utilizar as mesmas
- Custos operacionais e de manutenção desses novos equipamentos/softwares
- Obtenção de mão obra qualificada e especializada no uso de agricultura digital
- Problemas de conectividade no campo
- Qualidade dos dados obtidos (análise de dados)
Por outro lado, um dado interessante levantado pela pesquisa da EY/Croplife é que, diferentemente de outros centros agrícolas ao redor do mundo, há um maior interesse na continuidade das atividades de campo pelos filhos dos proprietários ou trabalhadores rurais, o que poderia facilitar a adoção de tecnologias no campo, visto a maior acessibilidade e conhecimento dos mais jovens com ferramentas digitais.
Fonte: hfbrasil.org.br