Piracicaba, 02 – A pandemia de coronavírus tem feito com que a população global reveja comportamentos e hábitos de consumo, principalmente no que diz respeito à alimentação. Mas, enquanto uma parcela de brasileiros tem conseguido fazer refeições mais balanceadas, comendo mais legumes, verduras e frutas, complementando com exercícios físicos, por outro lado, várias pesquisas no Brasil e também nos Estados Unidos e Europa apontam que esse maior consumo domiciliar de HF não significa que as refeições têm sido totalmente saudáveis.
Um estudo da Kantar publicado no fim de junho mostra que, em parte, muitas pessoas passaram a comprar mais produtos industrializados, principalmente de entretenimento/indulgência (salgadinhos, chocolates e sorvetes), seguidos de conveniência (industrializados) e, só depois, de produtos saudáveis (frutas e hortaliças, por exemplo). A Pepsico, gigante norte-americana de alimentos e bebidas, anunciou que teve aumento de 8% nas vendas de salgadinhos, aveia e mistura pronta para panqueca no primeiro trimestre deste ano. No Brasil, o CEO da divisão de alimentos da empresa, João Campos, afirmou que houve aumento nas vendas de aveia, achocolatados, snacks e biscoitos, reflexo do hábito de voltar a comer mais no lar, sobretudo no café da manhã e no final da tarde.
Uma das explicações pode ser que, como a recomendação é de evitar aglomerações ao máximo, as pessoas têm ido com menos frequência às compras e, quando vão, acabam optando por produtos que tenham mais tempo de prateleira, como os industrializados, ou aqueles que provoquem sensação de conforto e lazer em períodos estressantes como o atual. Comer, o que não significa se alimentar de forma saudável, e em frente à TV, passou a ser um dos principais entretenimentos durante a quarentena. As crianças também estão comendo alimentos com pouco valor nutricional, já que passam mais tempo em casa, diante das escolas fechadas – ambiente onde são oferecidas refeições e produtos frescos, como sucos e frutas.
É preciso sempre reforçar que, em tempos de crise sanitária, como a atual, o consumo de alimentos frescos, como frutas, legumes e verduras, é cada vez mais importante para fortalecer a imunidade e combater várias doenças, como a covid-19, já que ainda não há uma vacina que controle sua rápida disseminação. E é nesse cenário que o setor de frutas e hortaliças deve se fortalecer, promovendo o apelo saudável desses produtos e facilitando o acesso ao consumidor, ao tirar do papel novos modelos de negócios, como passar a vender diretamente ao cliente e adotar novas formas de venda (por meio dos canais digitais). Envolver toda a família no preparo das refeições, incluindo adultos e crianças, também deve ser encarada como uma ótima alternativa de entretenimento durante o isolamento social.
Fonte: Kantar, IstoÉ Dinheiro, Forbes e Hortifruti Brasil