Piracicaba, 29 – A empresa Toyota, líder mundial em vendas de automóveis em 2023, é reconhecida pela qualidade, produtividade, segurança e inovação na produção. Atualmente, a empresa é capaz de produzir um carro em menos de dois minutos! A origem da sua eficiência está atrelada a um método desenvolvido no início do século XX por idealizadores da montadora, que é denominado como o “Sistema Toyota de Produção” (em inglês, pela sigla TPS – “Toyota Production System”).
No pós-Segunda Guerra Mundial, para poder competir globalmente, a indústria automobilística japonesa precisou melhorar a eficiência produtiva. Vale lembrar que, naquela época, a indústria automobilística japonesa era pequena frente às grandes montadoras e tinha recursos escassos (mão de obra, financiamento e matéria-prima). Para ampliar sua competitividade, ao longo das décadas, a Toyota foi aprimorando seu modelo de gestão da produção, visando a fabricação de forma enxuta, alinhando o que mercado demandava no momento e na quantidade exata, com o mínimo de desperdícios e sem grandes estoques. O sistema japonês era bem diferente da montadora norte-americana Ford, que priorizava a escala de produção máxima, focando na redução de custos, mas o que, em momentos de crise, resultava em estoques elevados, impactando a rentabilidade.
Mas, qual é o segredo do TPS? Segundo o próprio site da montadora, é partir de uma nova mentalidade sobre o processo de produção como um todo. Isto significa que não basta copiar os exemplos de conceitos para conseguir o mesmo resultado da Toyota. É preciso acontecer uma mudança de cultura interna do empreendimento, tendo como objetivo expor e resolver os problemas dos mais diversos níveis e nunca deixar de observar os erros. A filosofia do processo de melhoria no modo de produzir é contínua e deve ser incorporada por todos os envolvidos.
A Toyota é uma das poucas montadoras que os próprios operadores podem ter a autonomia de interromper a linha de produção no momento que encontram algo fora do padrão ou erro na linha de montagem, para entender o erro e solucioná-lo. Esse conceito da importância de detectar os erros (ou seja, itens que não estão em conformidade com o padrão de qualidade) e não deixar ir adiante é denominado JIDOKA.
Os esforços da montadora – ou sua “filosofia” – são manter um fluxo contínuo de trabalho, tentando eliminar os três “Ms” na linha de montagem: MURI (sobrecarga/excessos), MURA (inconstância/variação) e MUDA (desperdício). De acordo com Taiichi Ohno, considerado o “pai” do Sistema Toyota de Produção, quando uma empresa não padroniza e raciona seus processos de produção, ela pode gerar muito desperdício (MUDA), variabilidade na qualidade do produto (MURA) e irracionalidade nos processos (MURI). Outro conceito importante é o GENCHI GENBUTSI ou GEMBA, isto é, para entender os erros, o ideal é ir ao local onde se quer resolver o problema.
REDUÇÃO DE DESPERDÍCIOS COMO FILOSOFIA – OS TRÊS Ms DA TOYOTA
Quando uma empresa não padroniza ou desenvolve processos de produção, ela gera três Ms (sobrecarga, inconstância e desperdício) na linha de produção, segundo indica Taiichi Ohno, considerado o pai do Sistema Toyota de Produção. A figura ao lado ilustra que, se ao longo de uma linha de produção de batata as sementes forem utilizadas de forma não padronizada ou se a colheita não tiver um padrão, o colhedor terá uma forma de trabalhar desuniforme, diminuindo a eficiência do processo.
Para difundir de forma mais fácil a TPS, Fujio Cho, discípulo de Taiichi Ohno e que se tornou o presidente da montadora nos Estados Unidos, destacou os métodos desenvolvidos pela montadora por meio da construção de um diagrama no formato de uma casa, cujo conceito é que, para se ter suporte ao telhado (cliente), é importante ter colunas e bases fortes.
Os pilares que sustentam o telhado baseiam-se em dois pontos: “just in time” e o JIDOKA. O just in time é uma filosofia na qual a indústria produz o produto necessário, na quantidade necessária e no momento necessário. A base da casa é mantida por dois outros conceitos: estabilidade e a padronização. No centro da casa, estão as pessoas, que são o coração do sistema. Os envolvimentos dos membros da equipe nas práticas de melhoria contínua garantem a estabilidade necessária para a operação. Hoje, o sistema TPS é mais conhecido como uma filosofia organizacional denominada “Pensamento Lean”, isto é, uma gestão enxuta que tem como objetivo que a empresa elimine de forma contínua os três Ms.
Para saber mais sobre a importância da gestão em propriedades de HF, leia a matéria de capa completa da edição de agosto da revista Hortifruti Brasil.
Fonte: hfbrasil.org.br