Holambra, 24 – Nesta última live, a jornalista do Cepea, Daiana Braga, conversou com as pesquisadoras de frutas do Hortifrúti/Cepea, Fernanda Geraldini e Marcela Barbieri. As convidadas fizeram um balanço do mercado neste primeiro semestre e também uma perspectiva para o segundo semestre.
Fernanda indicou que vários foram os desafios da fruticultura no Brasil, mas o destaque neste ano tem sido a demanda, que está enfraquecida e exercendo forte influência sobre os preços das frutas.
A pesquisadora ressalta que, após atravessarmos um período mais crítico de pandemia, muitos países estão com a economia fragilizada, o que é o caso do Brasil, e as frutas ficaram em segundo plano para muitos consumidores. E, mesmo com a oferta restrita para alguns casos, a demanda fraca impediu avanços nos preços. Um segundo grande desafio deste ano destacado pela Fernanda é o elevado custo de produção, sobretudo com fertilizantes, combustíveis e defensivos.
Marcela reforçou que o clima adverso vem influenciando com certa força a produção de frutas deste ano. Enquanto a safra de maçã no Sul do País foi prejudicada pelo tempo seco, gerando menor produção e maçãs de pequeno tamanho, no Nordeste, importante região produtora, as contínuas chuvas vêm atrapalhando a produção, resultando em frutas de menor qualidade.
Neste ponto, Fernanda ressalta que o Nordeste é uma grande região exportadora de frutas e, mesmo com câmbio bastante atrativo, exportadores enfrentam entraves para escoar o produto ao mercado internacional, desde a produção (que está com a qualidade abaixo da demanda por este setor, devido ao clima) até a logística (altos fretes rodoviários e marítimos, aumento nos custos com embalagens). E tudo isso pode limitar a receita também com as exportações.
Para o segundo semestre, as pesquisadoras indicam que, de um modo geral, a produção de algumas frutas (como manga, uva e laranja) deve crescer frente ao primeiro semestre, o que pode enfraquecer os valores de comercialização. Caso a demanda siga enfraquecida – o que é provável, diante do baixo poder de compra da população –, a pressão sobre os valores de muitas frutas pode ser reforçada. No caso específico da laranja, a demanda da indústria deve ser intensifica neste segundo semestre, reduzindo a oferta de fruta no mercado in natura e, portanto, a pressão sobre os preços.
Quanto ao mamão, no segundo semestre, os preços devem seguir elevados, diante da menor oferta, por conta da redução nos investimentos. Para a maçã, foi verificada uma quebra de produção no início deste ano, reduzindo os estoques para o segundo semestre. Ressalta-que, do lado da demanda, com o baixo poder de compra da população, consumidores vêm buscando frutas menores e de categorias inferiores.
Para a banana, a safra de prata se inicia no Nordeste e no semiárido no segundo semestre, mas o volume não será muito elevado, por conta do clima e de menores investimentos, tendo em vista os custos elevados. Em relação ao melão, a safra começa agora em agosto no RN/CE, mas exportadores estão receosos com os fretes marítimos altos e custos elevados. As negociações com demandantes externos também estão sendo limitadas pela dificuldade do repasse nos constantes reajustes dos custos de produção.
Fonte: hfbrasil.org.br