Piracicaba, 06 - Saiba os principais impactos do El Niño na produção das frutas acompanhadas pelo Hortifruti/Cepea:
BANANA: No Sul do País, importante produtor de nanica, as chuvas volumosas desde outubro - mesmo que tenham dado trégua em dezembro - e que vieram em forma de tempestades resultaram em queda de parte dos bananais. Além disso, a elevação considerável das temperaturas, sobretudo em dezembro, causou estresse fisiológico da planta, o que diminuiu o rendimento e a qualidade dos cachos e alterou o calendário de oferta da variedade. Para as regiões produtoras do Nordeste, onde se concentra a produção de prata, houve diminuição das precipitações e elevação das temperaturas neste verão. Porém, impactos consideráveis ainda não foram relatados por produtores dessa região.
LARANJA: As ondas de calor em SP e as chuvas abaixo do esperado no segundo semestre resultaram em queda de chumbinhos e no menor pegamento, o que deve reduzir o potencial de produção em 2024/25, principalmente nas áreas sem irrigação, onde as floradas foram mais tardias.
MAÇÃ: O impacto do El Niño será sentido na safra 2023/24 do Sul, que é colhida nos primeiros meses do ano. Isso porque as chuvas volumosas em setembro/23 afetaram o pegamento da florada e, consequentemente, impactaram na formação dos frutos. As chuvas foram volumosas entre setembro e novembro/23 e janeiro/24 e podem impactar na coloração e na qualidade dos frutos que estão sendo colhidos, com aparição de doenças e menor vida útil. Devido às chuvas, a colheita de gala se atrasou em janeiro deste ano, devendo haver intensificação apenas em fevereiro.
MAMÃO: As ondas de calor intensas foram registradas no Sudeste e Nordeste entre outubro e dezembro do ano passado, e anteciparam a colheita em alguns momentos, prejudicaram a florada e estressaram plantas, refletindo em menor qualidade. Com esse cenário, há possibilidade de haver um período de “pescoço” nos próximos meses. Entre dezembro/23 e janeiro/24, o calor acelerou a maturação em algumas regiões, antecipando a colheita e deixando a fruta com menor calibre e manchada, sobretudo em roças mais afetadas pelo ácaro rajado, que causa a desfolha da planta e deixa a fruta mais exposta ao sol. As precipitações voltaram em janeiro, e estão sendo favoráveis à produção.
MANGA: As elevadas temperaturas registradas no Nordeste dificultaram as induções e o pegamento das floradas, e a colheita (principalmente em março e abril) deve ser menos volumosa.
MELANCIA: As chuvas mais frequentes trazidas pelo El Niño no Sul devem prejudicar a produtividade e a qualidade das lavouras mais precoces no RS. Já as mais tardias estão com melhor desenvolvimento, o que deve beneficiar a oferta a partir de fevereiro. No Nordeste (BA e RN/CE), as chuvas menos frequentes favoreceram a produtividade e a qualidade. Em SP, as altas temperaturas aceleraram o ciclo da safra principal, resultando em menor calibre, além da elevar a necessidade de irrigação.
MELÃO: O El Niño proporcionou menos chuvas e aumento das temperaturas no Nordeste, favorecendo a produtividade. A produção de melão é irrigada na região e, portanto, não sentiu tanto o impacto da falta de chuva, cenário que foi favorável para a fitossanidade. Houve um impacto negativo de meados de dezembro para janeiro diante das altas temperaturas, que levaram à uma exposição excessiva do fruto à luz solar. Assim, produtores têm apresentado problema de “manchamento” ou falta de coloração dada a colheita prematura. Para os produtores de grande porte, que são mais preparados e tecnificados, o controle da qualidade foi mais efetivo.
UVA: As altas temperaturas limitaram a produção de niagara no começo do ano em SP. No Nordeste, apesar do calor, a produção deve ter boa qualidade, com produtividade dentro do esperado, cenário favorecido por chuvas menos frequentes. O retorno das precipitações em janeiro deve causar uma janela de colheita em fevereiro, mas com impacto pontual. Nas áreas de indústria do RS, por sua vez, as chuvas mais frequentes devem diminuir significativamente a produção.
Para saber mais sobre o cenário climático de 2023/24, e seus impactos na produção de HF, acesse a edição de fevereiro da Revista Hortifruti Brasil.
Fonte: hfbrasil.org.br