Piracicaba, 17 – A produtividade média das roças de hortaliças (tomate e cebola) caiu na safra 2023/24, mas esse cenário acabou garantindo preços elevados de negociação, à medida que reduziu o volume ofertado no mercado. O menor rendimento deve persistir no início da safra de inverno de 2024 e deve seguir permitindo resultados acima dos custos de produção.
Esse é um contexto geral observado pela Hortifruti Brasil para o Especial Hortaliças, que analisa a rentabilidade das culturas de tomate e cebola. É importante ressaltar que esse retrato de rentabilidade positiva não é verificado para todos os agricultores, visto que as propriedades que cultivam hortaliças que registraram produtividade abaixo da média podem ter as margens limitadas ou negativas.
A menor produtividade na safra 2023/24, por sua vez, está ligada às adversidades climáticas observadas desde meados do segundo semestre de 2023. No Sul, chuvas acima da média atrapalham a produção, ao passo que, no Sudeste, as altas temperaturas e as precipitações abaixo da média prejudicam a atividade.
EFEITO DO CLIMA NA PRODUTIVIDADE DO SUL – Em meados setembro de 2023, os estados do Sul, sobretudo o Rio Grande do Sul, enfrentaram fortes chuvas, que comprometeram a safra que ainda estava na fase inicial de plantio e desenvolvimento. Ao longo de toda a safra do Sul, as chuvas persistiram acima da média histórica (exceto em algumas localidades do Paraná, onde também há plantio de tomate e cebola), o que resultou em menor produtividade na maior parte das praças produtoras de hortaliças. Entre o encerramento de abril e início de maio de 2024, chuvas volumosas na Região dos Vales do Rio Grande do Sul sobrecarregaram as bacias dos Rios Taquari, Caí, Pardo, Jacuí, Sinos e Gravataí, que transbordaram e causaram enchentes e estragos em muitos municípios.
Embora ainda não haja estimativas de rentabilidade para a tomaticultura do Rio Grande do Sul, certamente a maior parte dos produtores do estado encerrou a safra de verão no vermelho. Além de o estado sul-rio-grandense ter tido a produtividade muito prejudicada pelo excesso de chuva, no final da temporada, o restante da produção – que seria colhido e comercializado e que poderia atenuar os prejuízos – foi perdido pelo alagamento e/ou pela impossibilidade de colheita e comercialização, devido a questões operacionais e logísticas.
As regiões do Sul analisadas para a matéria de capa não enfrentaram enchentes, mas apresentaram queda de produtividade. Caçador (SC), um dos principais polos de produção do tomate no País, registrou queda de 30% na produtividade frente à safra anterior. Outro alvo de estudo é a região de produção de cebola em Lebon Régis (SC), e o resultado no campo foi muito similar ao do tomate, com perda média de 28,6% quando comparado ao ano passado. Ressalta-se que, para estas duas culturas, estes dados são estimativas e, portanto, há produtores que obtiveram resultados bem abaixo desses parâmetros.
Dada a representatividade da região Sul na safra de verão de hortaliças, especialmente no caso da cebola, a oferta acabou se reduzindo, e, consequentemente, os preços subiram – o Sul é responsável por quase toda a produção nacional de bulbo no primeiro semestre do ano.
NO SUDESTE, É A FALTA DE CHUVA QUE PREJUDICA A PRODUÇÃO – No Sudeste, o início da safra de verão 2023/24 de tomate foi até promissor quanto à produtividade, já que, normalmente, é o excesso de chuva que prejudica a produção. Como a cultura é irrigada e o volume de chuva foi menor, os rendimentos no campo no começo do ano foram melhores. No entanto, com a baixa umidade, sobretudo do meio para o final da temporada, a produção começou a ser afetada pela maior incidência de pragas e pelas temperaturas muito elevadas. Esse cenário prejudicou o final da safra de verão e o início dos plantios de inverno no Sudeste. A mosca-branca, que há anos não era mais um problema para a cultura, assumiu novamente o papel de vilã da tomaticultura.
Assim, a maioria das praças do Sudeste também registra cenário de significativas perdas na produção nesta temporada de inverno, cuja colheita se iniciou em abril, mas os danos acabam sendo compensados pelos elevados preços no mercado. Em 2023, a safra de inverno de tomate também começou com prejuízos, mas, diferentemente do observado atualmente, era o excesso de chuvas, a menor luminosidade e a alta infestação de bactérias que prejudicavam as lavouras. É por isso que a produtividade apresentada para Mogi Guaçu (SP) é a mesma em 2023 e 2024, já que são dois anos com quebra de produção. Em anos considerados bons, a região paulista colhe de 20% a 30% a mais que o rendimento registrado em 2023 e 2024.
Acesse a matéria completa na revista Hortifruti Brasil de junho.
Fonte: hfbrasil.org.br