Piracicaba, 26 – O acordo entre o Mercosul e a União Europeia, anunciado no final de junho deste ano, tende a ter grande impacto sobre o setor de frutas brasileiro. Caso consolidado, essa aliança bilateral zera e/ou reduz as atuais tarifas sobre as exportações e importação de frutas realizadas entre o Brasil e a União Europeia.
No caso da lima ácida tahiti, o Brasil é o principal fornecedor da União Europeia, com 51% de participação nas importações do bloco europeu em 2018 (considerando-se apenas os países fora da UE), segundo o Trade Helpdesk. A concorrência sempre foi acirrada com os mexicanos (responsáveis, em 2018, por 36% das importações de fora da UE), mesmo o país latino priorizando o abastecimento aos Estados Unidos.
Novos concorrentes, de menor peso, têm surgido, como Colômbia, Peru, Guatemala e Vietnã, sendo todos eles isentos de tarifas à União Europeia. E, de fato, a participação desses países nos envios à UE aumentou de 2014 para 2018, enquanto a do Brasil diminuiu. Exportadores nacionais entrevistados pela Hortifruti Brasil indicam que os baixos custos de produção na maioria destes países (que, em muitos casos, detêm mão de obra familiar) pesam sobre a competitividade brasileira.
No caso dos melões e melancias, o Brasil é o principal fornecedor de melão e o segundo de melancia à União Europeia durante a entressafra do bloco (de quase oito meses), com pouca competição de outros países nesse período. Em 2018, o Brasil foi responsável por 56% das importações de melão do bloco europeu e por 19% das de melancia (considerando-se apenas os países fora da UE), segundo o Trade Helpdesk.
A concorrência com países da América Central e Marrocos se restringe ao final da safra brasileira. E, neste período, a UE tem preferência pela compra de melões e melancias desses países, que são isentos de tarifas – o que, por sua vez, favorece a competitividade desses ofertantes.
Assim, com a eliminação da alíquota de 8,8% para o melão e para a melancia, as frutas do Brasil podem ficar mais competitivas na Europa. A melancia, que vem registrando aumento no consumo nos últimos anos, ao contrário do melão, que está estagnado, pode ser a mais favorecida. A importação de melancia de países de fora da UE dobrou de 2014 para 2018, somando 399 mil toneladas no ano passado.
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Fonte: hfbrasil.org.br