Piracicaba, 11 – As medidas de isolamento social devem continuar em vigor em todos os municípios paulistas até o dia 31 de maio, conforme anunciado pelo governador João Doria na sexta-feira, 8. Assim como São Paulo, outros estados também mantêm a quarentena até meados deste mês, como o Rio de Janeiro, Ceará, Pernambuco e Amazonas – os quais lideram em número de infectados pela covid-19.
Isso significa que escolas, restaurantes e varejos de menor escala, importantes canais de escoamento de frutas e hortaliças, manterão suas atividades suspensas e/ou bastante reduzidas até lá – cenário que prejudica principalmente a saída de hortifrútis "fora do padrão", bastante demandados por estes segmentos. Apesar de o abastecimento do setor de HF continuar ativo durante o período de isolamento social, os supermercados e hipermercados, especialmente, são os que têm sentido menos os impactos da queda nas vendas desde o início da pandemia de covid-19 no Brasil.
RODÍZIO – Destaca-se, ainda, o início do rodízio ampliado de veículos em toda a capital paulista a partir desta segunda-feira, 11, o qual restringe a circulação das placas não autorizadas em determinados dias. Este cenário tem preocupado atacadistas, que temem que a logística de distribuição seja afetada, bem como as idas às compras, por parte dos consumidores. Trabalhadores de serviços considerados essenciais estão isentos do cumprimento do rodízio, o que inclui o transporte de alimentos para supermercados, mercados, feiras livres, hortifrutigranjeiros, quitandas e centros de abastecimento, desde que o cadastramento dos veículos seja devidamente realizado.
E O MERCADO DE HF? – De modo geral, a "entressafra" de alguns hortifrútis manteve a oferta controlada em abril e os preços, atrativos (foi o caso de batata, tomate, cebola e cenoura). Contudo, o aumento do volume, mesmo que ainda limitado no decorrer de maio, pode pressionar as cotações em relação ao mês passado.
Atrelado a isso, a previsão climática para maio sinaliza que as temperaturas devem ser mais baixas, já que duas grandes frentes frias vão passar pelo País – cenário que prejudica a demanda por algumas frutas e hortaliças, como alface, melancia e melão. A seguir, confira os detalhes por cada cultura acompanhada pelo Hortifruti/Cepea:
HORTALIÇAS
ALFACE: Mesmo sendo um dos HF's mais impactados pela quarentena, a alface registra produtividade positiva, devido ao clima favorável. No entanto, a oferta tem sido superior à demanda – por sua alta perecebibilidade, o escoamento é menor, já que os consumidores reduzem as idas às compras. Também deve continuar sendo afetada pelo fechamento do food service e do mercado institucional. Além disso, o rodízio em São Paulo pode limitar ainda mais as vendas no atacado.
CENOURA: A produtividade tem demonstrado tendência de melhora, devido ao clima, mas a oferta ainda é restrita (já que chuvas em excesso atingiram as roças nos períodos de plantio e desenvolvimento).
CEBOLA: Com a oferta nacional restrita, a importação de bulbos da Europa tem aumentado. Mas, por ser safra antiga, a qualidade não deve ser tão boa. Quanto à entrada da cebola da Argentina, ainda tem sido limitada, enquanto os estoques no Sul estão praticamente finalizados. Neste mês, Minas Gerais inicia a colheita, mas o volume ainda será baixo, já que os bulbos estão verdes e a produtividade não é tão satisfatória.
BATATA: Em termos de preços, as perspectivas continuam positivas para a batata, já que a oferta tem sido totalmente absorvida pelo mercado (a safra das águas está praticamente encerrada e os plantios para a de inverno ainda estão ocorrendo). No fim deste mês, pode ocorrer leve aumento do volume, mas as cotações não terão grandes impactos.
TOMATE: Por enquanto, os preços têm sido sustentados pelas temperaturas mais baixas nas regiões produtoras (fator que controla o ritmo de maturação do fruto). Contudo, as plantas já estão em fase de colheita e a tendência é de aumento da oferta da safra de inverno em algumas regiões, como em Paty do Alferes (RJ), Sumaré e Mogi Guaçu (SP). Assim, o ritmo de colheita deve depender do comportamento do clima no decorrer deste mês.
FRUTAS
MAMÃO: A fruta tem sido afetada pelo aumento do volume de formosa. Colaboradores do Hortifruti/Cepea já relatam perdas nas roças, uma vez que a demanda não tem acompanhado a oferta.
MELÃO: O volume nacional está bem controlado, sendo suprido apenas pelo Vale do São Francisco (BA/PE) no momento. Porém, o clima ameno pode impactar a demanda nos grandes centros consumidores no decorrer de maio.
MAÇÃ: A colheita está finalizando e os estoques têm sido controlados. Vale ressaltar que esse controle está sendo possível devido à quebra de safra. A fruta miúda, por sua vez, deve continuar sendo impactada, tendo em vista a maior participação neste ano e a demanda fraca, devido ao fechamento das escolas.
BANANA: A oferta da nanica está aumentando gradualmente no Vale do Ribeira (SP), assim como no Norte de Santa Catarina. Contudo, como a seca afetou principalmente a produção desta segunda praça, não é esperado expressivo aumento do volume nacional.
CITROS: Para a laranja, a oferta da nova safra (2020/21) deve aumentar gradualmente neste mês no mercado de mesa, uma vez que o processamento nas indústrias ainda não se iniciou. Quanto à lima ácida tahiti, o cenário é de menor disponibilidade, o que pode ser positivo aos preços.
MELANCIA: Para maio, a oferta deve ser baixa, sendo o mercado nacional abastecido principalmente pelas frutas de Goiás. No entanto, se o preço não for minimamente atrativo para grandes deslocamentos, produtores podem optar pela venda no mercado local.
UVA: A oferta deve aumentar um pouco no Sudeste (Marialva e Louveira/Indaiatuba - SP), mas ainda será controlada neste mês, já que está restrita no Vale do São Francisco (BA/PE). O cenário de preços, portanto, pode ser pior que o de abril, mas ainda de forma controlada.
MANGA: No geral, a oferta da fruta é considerada baixa – cenário que pode se intensificar com a previsão de aumento das exportações nesta primeira quinzena, devido ao fim da safra do Peru.
Fonte: hfbrasil.org.br, G1 e Climatempo