Piracicaba, 29 – Para a edição de agosto, a revista Hortifruti Brasil conversou com 97 leitores e produtores de frutas e hortaliças, a fim de identificar como eles estão preparando seus sucessores para assumir os negócios da família. Algumas destas histórias foram selecionadas como "mitos da sucessão familiar" e analisadas por especialistas da área. Para a primeira delas, a dúvida: a sucessão só começa quando os filhos terminam a graduação?
Não! A educação formal é, sem dúvida, essencial para a construção de um bom profissional. Adquirir conhecimento, ter acesso a novas tecnologias e procedimentos, ter noções de gestão e expandir a rede de contatos são alguns dos elementos que o sucedido deve ter em mente quando vê a importância de seu filho estudar. Contudo, achar que o processo de sucessão deve ser iniciado apenas depois que o filho se graduar é um erro, uma vez que o conhecimento/valorização dos negócios deve começar a ser adquirido já durante a infância.
Primeiro, é importante criar empatia com o meio rural. Assim, recomenda-se que a criança conviva com a atividade agrícola. Depois, quando mais experientes, é importante estimular o trabalho operacional dos filhos na propriedade, para entender e respeitar toda a complexidade que envolve o meio rural.
EXEMPLO – Este foi o caso da família da produtora de melão Ruth Irikita, de Mossoró (RN), cujos filhos se formaram em áreas distintas, sem nenhuma relação com a lavoura – por sugestão dos próprios pais, para o caso de a produção não ser promissora. Contudo, devido ao adoecimento do marido de Ruth, ambos os filhos precisaram assumir cargos na fazenda.
Mas, mesmo em circunstância emergencial, o processo foi bem-sucedido: como os filhos acompanhavam a produção desde crianças, a vivência favoreceu o vínculo com o negócio, estimulou o interesse em suceder os pais e ampliou o conhecimento, pois já haviam observado as atividades anteriormente. Hoje, os irmãos não se veem fora do empreendimento.
Foto: Ruth Irikita e sua família
RECOMENDAÇÃO – A recomendação dos especialistas, contrária ao pensamento geral dos produtores, é que, após a formação na faculdade/técnico, ele trabalhe em outra empresa por dois ou três anos, para entender a posição de um funcionário e outros processos que podem, depois, completar a sua futura gestão na empresa familiar. Além disso, é importante não interferir na liberdade da escolha da profissão do filho – o ideal é que ele valorize e tenha conhecimento do negócio, mesmo que, posteriormente, contrate um diretor externo para gerir o patrimônio.
Para conferir o conteúdo completo e os demais mitos da sucessão, clique aqui.
Fonte: hfbrasil.org.br