Com a economia brasileira em recessão, consumidores brasileiros têm mudado alguns hábitos de compra e de consumo de alimentos. O Hortifruti/Cepea mostra abaixo quatro dessas mudanças que podem até mesmo abrir oportunidades para o setor de frutas e hortaliças.
MENOS IDAS AO RESTAURANTE:
Pesquisas apontam que a alimentação fora do lar é, na maioria das vezes, vista como uma atividade supérflua e, por isso, é um dos itens “escolhidos” pelo consumidor para que os gastos sejam enxugados. A redução no consumo de alimentos fora de casa aumenta as refeições no lar, mas, ainda assim, o portfólio de produtos a ser consumido no lar pode ser alterado, o que impacta no setor de frutas e hortaliças. Nos restaurantes por quilo, por exemplo, o consumidor tem maior acesso a mais variedade de legumes e verduras frente ao que normalmente se prepara no lar. Assim, pode ter diminuição no consumo em casa de hortifrutis que demandam mais tempo para serem preparados, enquanto os de fácil manuseio podem ganhar espaço.
MENOS IDAS AO SUPERMERCADO:
Para tentar economizar, consumidores voltaram a fazer as chamadas “compras de despensa”, comuns em período de inflação. Nesses casos, o consumidor adquire grande quantidade de produtos no período de recebimento dos salários, reduzindo a frequência de “idas” aos supermercados. De acordo com dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), em 2005, a média mensal de idas ao supermercado era de 12 vezes. Já no final de 2014 (último dado disponibilizado pela Associação), essa média havia caído 25%, com o brasileiro indo em média oito vezes ao varejo por mês – vale ressaltar que a crise apertou ainda mais em 2015 e também no começo de 2016. Como os hortifrutis são perecíveis, esse comportamento de consumidores pode reduzir a demanda por esses produtos.
PARTIU ATACAREJO!
O brasileiro também tem substituído as idas ao varejo tradicional (em especial, os supermercados) pelos atacarejos. Entre 2014 e 2015, cerca de três milhões de pessoas fizeram essa troca no Brasil, segundo a PropMark, como alternativas para reduzir os gastos com alimentação. Até mesmo as famílias das classes A e B recorreram aos atacarejos. O principal atrativo dos atacarejos é o preço inferior frente aos canais tradicionais. Dessa forma, as vendas dos atacarejos cresceram na casa dos dois dígitos no último ano, enquanto as dos hipermercados recuaram. Em 2014, os segmentos atacadista e distribuidor faturaram R$ 211,8 bilhões juntos, de acordo com dados da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de produtos industrializados (Abad), crescimento nominal de 40% frente a 2010, ano de bonança no consumo brasileiro. E a perspectiva da Euromonitor é que o atacarejo continue crescendo a taxas acima de 10% ao ano até 2019. Essa mudança de local de compra, por sua vez, também pode ter impactos no setor de hortifrutis. No geral, os atacarejos comercializam leque menor de hortifrutis e priorizam os de menor valor. Uma boa notícia para produtores é o fato de muitos atacarejos estarem investindo em mais variedades nos segmentos de frutas, legumes e verduras, produtos que podem atrair clientes. Apesar de a pesquisa da Hortifruti Brasil não ter contemplado diretamente os atacarejos, os consumidores entrevistados relataram que buscam locais com valores mais em conta. A maioria dos respondentes da pesquisa on-line afirmou ter trocado locais de compra de hortifutis por outros que apresentam valores menores.
PROCURA POR HFS MAIS BARATOS:
As famílias com menores rendas declararam que substituíram frutas e hortaliças mais caras por outras de preços mais acessíveis, como forma de manter o consumo saudável, mesmo em período de recessão. A pesquisa revelou que os produtos básicos e de baixo valor têm sua demanda favorecida (ou, pelo menos, fidelizada) em meio à crise econômica, enquanto os mais caros são cortados da lista de compras das classes média e baixa. Dos entrevistados, 70% apontaram ter diminuído o consumo de alguma fruta ou hortaliça no ano passado, sobretudo tomate cereja e uva sem semente, produtos considerados “de luxo” para esse grupo. Contudo, a classe de renda mais elevada (A e B) manteve o consumo de frutas e hortaliças independente do preço, sendo ainda o principal nicho que consome produtos com maior valor.
A matéria completa sobre a crise econômica brasileira e os impactos no bolso do consumidor está disponível em http://tinyurl.com/bolsoapertado.