Assim como todos os outros bens de consumo, os hortifrutis também têm sua demanda impactada pela redução ou aumento na renda do consumidor. Alguns itens, como batata, cebola e tomate são menos impactados, enquanto melão e uva, por exemplo, já sentem mais os efeitos da queda na renda.
Um dos melhores indicativos da renda do brasileiro vem da Pesquisa Mensal de Empregos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PME/IBGE), que informa o rendimento médio real da população ocupada nas principais capitais do País. Em fevereiro de 2016, o valor médio foi de R$ 2.227,50, queda 7,5% em comparação ao mesmo período do ano anterior – já descontada a inflação do período. No geral, queda na renda do consumidor reduz o consumo também de alimentos, mas a diminuição varia de produto para produto. Veja na tabela abaixo as frutas e hortaliças que mais são impactadas pela redução na renda do brasileiro:
Produtos essenciais, com poucos substitutos diretos e de baixo peso no orçamento final, tendem a sofrer menos impacto com a queda da renda. Por outro lado, frutas mais caras, que pesam mais no orçamento familiar e com vários substitutos próximos, tendem a ter redução quase que proporcional à queda da renda. Um impacto intermediário no consumo diante de uma queda da renda é observado para as frutas mais comuns ao consumidor nacional, como banana, citros, maçã e melancia, e também para cenoura e alface. A ideia inversa também é verdadeira. Um aumento da renda tem impacto (positivo) maior no consumo das frutas de valor mais alto.
CONSUMIDOR PERDE PODER DE COMPRA
O ganho real de renda ocorrido em anos recentes foi um dos fatores que impulsionou o consumo de frutas e hortaliças. Para mensurar a evolução do poder de compra frente a hortifrutícolas, a equipe Hortifruti/Cepea elaborou um índice agregado relacionando a renda média real do brasileiro com os preços (também descontada a inflação) de frutas e hortaliças. Especificamente, dividiu-se a renda real (apurada pela PME/IBGE) pelo preço médio de 12 frutas e hortaliças acompanhadas continuamente pela equipe Cepea na Ceagesp. Sabidamente, apenas uma pequena parte da renda é despendida com hortifrutícolas, mas esse índice seria uma sinalização do potencial de consumo dada a renda. O cálculo foi feito para o período de 2008 a 2015.
Portanto, o poder de compra do consumidor deve diminuir, a menos que o preço de frutas e hortaliças caia pelo menos na mesma intensidade que a renda.
A matéria completa sobre a crise econômica brasileira e os impactos no bolso do consumidor está disponível em http://tinyurl.com/bolsoapertado.
Fonte: Hortifruti/Cepea