Retrospectiva
Crise afeta consumo, mas impacto no setor de HF foi menor
Apesar de os dois anos consecutivos de queda no PIB brasileiro (2015 e 2016) terem afetado o poder de compra do consumidor brasileiro, o setor de frutas e hortaliças sentiu parcialmente o impacto desse enfraquecimento na demanda. Isso porque o clima desfavorável reduziu a produtividade na roça, diminuindo fortemente a oferta de muitas frutas e hortaliças e, consequentemente, elevando os preços desses produtos.
Crise influencia alta nos custos e restringe o crédito
A crise neste período influenciou a elevação nos custos e a disponibilidade de crédito ao produtor. A queda de produtividade e o aumento dos insumos (por conta da alta do dólar) elevaram o custo médio das frutas e hortaliças. Estima-se que o custo tenha aumentado em torno de 30% (por hectare) em 2016 frente a 2015. Dependendo da redução da produtividade, alguns hortifrútis apresentaram reajuste de mais de 50% nos custos de produção por unidade produzida em 2016 em relação a 2015.
Perspectivas
Precisa-se de mais consumidores em 2017!
As projeções a seguir indicam que a economia deve se recuperar mais lentamente que o previsto inicialmente, enquanto a oferta de HFs pode aumentar em 2017, devido à possibilidade de um clima mais favorável. Esse cenário pode resultar em excedente de oferta, pressionando os valores das frutas e hortaliças. A rentabilidade, por sua vez, pode ficar comprometida caso o aumento na produtividade não reduza o gasto por unidade produzida e/ou o consumo não se eleve.
Cenário Econômico
Recuperação só em 2018
Desde 2015 a economia brasileira tem apresentado desempenho negativo e enfraquecido o poder de consumo. A estimativa é que o Produto Interno Bruto (PIB) recue 7% nestes últimos dois anos. Para 2017, o Fundo Monetário Internacional (FMI) estimou crescimento de 0,5% para o Brasil, enquanto o Banco Central (BC) projetou crescimento de 0,8%. Por enquanto, o Fundo Monetário projeta que os índices de desemprego continuam ruins para 2017: em 11,5%. Todos esses indicadores mostram que uma maior retomada de consumo só deve ocorrer no médio prazo, a partir de 2018. A projeção para 2018 é de crescimento de 2,5% da economia brasileira, segundo o BC.
Razões da lentidão da retomada do crescimento: elevado endividamento e dificuldade de captar investimento do setor privado, crise fiscal nos estados e no governo federal, juros altos, ambiente político interno conturbado e aumento da volatilidade dos mercados com a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos.
CÂMBIO: A alta volatilidade externa, por conta das eleições presidenciais nos Estados Unidos, deve manter o Real desvalorizado em 2017. Tudo indica que uma possível política mais expansionista do governo norte-americano para 2017 leve o Banco Central daquele país a aumentar, enfim, as taxas de juros e, consequentemente, a inibir valorização de moedas de países emergentes, como o Brasil. A aposta para 2017 é de câmbio a R$ 3,45 (Banco Central, 02/12/2016).
INFLAÇÃO & JUROS: A retração econômica nos últimos dois anos está desacelerando o ritmo de crescimento da infla- ção. E, salvo choques de oferta negativos, a inflação deve convergir para o centro da meta em 2017 e 2018. Isso mostra que os juros no Brasil podem recuar em uma velocidade maior em 2017. A projeção do Boletim Focus é de uma taxa de juros de 10,5% em dezembro de 2017.
Clima: Previsão aponta regime de chuvas típico em 2017
La Niña fraco em 2017: As últimas estimativas indicam que o fenômeno La Niña ainda deve ocorrer no Brasil, mas em baixa intensidade, tendo maior atuação apenas no auge do verão 2016/17. A maior preocupação para 2017 é com o Nordeste. Meteorologistas apontam que, mesmo que chova dentro ou um pouco acima da média do Nordeste, a bacia do rio São Francisco continuará com vazão inferior à média histórica, persistindo a situação de déficit hídrico. Do mesmo modo, devem continuar os efeitos decorrentes da seca prolongada na parte norte do semiárido nordestino, onde está a região de Mossoró (RN). No Sul e Sudeste, as chuvas devem ficar dentro da normal climatológica.
Balança Comercial: Exportações seguem mais atrativas em 2017
Exportação:
2016: O dólar elevado reduziu os preços e a receita em moeda norte-americana, mas elevou o valor e o montante recebido em Reais. A perspectiva é que o volume enviado em 2016 apresente ligeiro aumento, favorecido principalmente por novos demandantes externos.
2017: Mesmo com todas as incertezas quanto ao câmbio para 2017, além da forte estiagem no Nordeste, a fruticultura exportadora ainda apresenta cenário promissor, por conta do dólar atrativo e da baixa demanda doméstica por fruta de maior valor. Se a produção brasileira de fruto qualidade se mantiver firme, os envios devem seguir aquecidos em 2017.
Importação:
2016 & 2017: A tendência é de recuo tanto em 2016 quanto 2017, por conta da fraca demanda doméstica e do dólar valorizado. Em 2016, as projeções de queda estiveram atreladas ao menor volume de compras de pera e de uva. As frutas mais promissoras para 2017 são aquelas que podem completar a safra doméstica. Este é o caso da maçã que, em 2016, teve incremento nas importações, devido aos preços internos elevados e, dependendo da perspectiva de quebra de safra em 2017, pode registrar nova alta nas compras externas.
Fonte: www.hfbrasil.org.br